Nos últimos meses, foram feitas descobertas energéticas estrategicamente importantes em várias regiões do planeta, incluindo o «petróleo do futuro». Da América do Sul à Ásia, a exploração de minerais e combustíveis mostrou claramente que 2025 será um ano decisivo para a indústria.
A descoberta feita na França coloca a Europa no mapa das maiores reservas mundiais de recursos energéticos. Os resultados preliminares indicam a existência de um recurso abundante e facilmente acessível, capaz de garantir o abastecimento por várias gerações.
O que é chamado de petróleo do futuro e onde foi descoberta a sua maior jazida?
«Petróleo do futuro» é uma expressão usada para designar o hidrogénio natural ou hidrogénio branco. Este tipo de hidrogénio foi descoberto em grandes quantidades numa jazida na Lorena, no subsolo, na sua forma natural.
O campo fica em Folschewiller, um município no departamento de Moselle, a pouco mais de 10 quilómetros da fronteira franco-alemã e a cerca de 35 quilómetros de Saarbrücken. As pesquisas foram conduzidas pelo Laboratoire GeoRessources e pelo Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) da França.
A perfuração, realizada a uma profundidade de 1250 metros, revelou a presença de cerca de 46 milhões de toneladas de hidrogénio natural.
A descoberta foi feita por acaso, uma vez que a missão inicial tinha como objetivo a procura de metano. No entanto, as concentrações de hidrogénio encontradas superaram significativamente as expectativas, e as previsões apontam para níveis superiores a 90% em grandes profundidades.
A natureza natural deste tipo de hidrogénio (produzido por reações químicas entre minerais de ferro e moléculas de água) distingue-o do hidrogénio verde (produzido a partir de fontes de energia renováveis) ou do hidrogénio cinzento (produzido a partir de combustíveis fósseis).
Entre outras características, destacam-se as seguintes:
- Não requer processos industriais complexos: ao contrário do hidrogénio verde ou cinzento, não requer eletrólise ou utilização de combustíveis fósseis.
- Baixo impacto ambiental: a sua produção não é acompanhada por emissões diretas de CO₂.
- Reposição natural: os depósitos subterrâneos são repostos espontaneamente.
O valor económico do «petróleo do futuro» e o potencial da sua produção
De acordo com estimativas publicadas pelo meio de comunicação social T-Online, as reservas estão avaliadas em cerca de 79 mil milhões de euros (92 mil milhões de dólares). Isto equivale a mais de metade da produção mundial anual de hidrogénio cinzento, mas sem as suas consequências para o ambiente.
Esta descoberta coloca a França numa posição estratégica que lhe permite tornar-se líder europeu na utilização do hidrogénio branco. A sua produção pode:
- Reduzir a dependência do importação de combustíveis fósseis.
- Estimular a economia local e criar milhares de empregos.
- Integrar-se em projetos europeus de transporte e armazenamento de hidrogénio, como o mosaHYc.
Desafios para a sua utilização
Apesar do elevado potencial, o seu desenvolvimento enfrenta vários desafios:
- Profundidade de acesso: as maiores concentrações encontram-se a cerca de 3000 metros de profundidade, o que requer o uso de tecnologias de perfuração avançadas.
- Armazenamento e transporte: o hidrogénio é mais difícil de manusear do que outros tipos de combustível.
- Custos iniciais: são necessários investimentos para desenvolver métodos eficazes de extração.
A empresa La Française de l’Énergie já apresentou pedidos de licenças de exploração e extração com o objetivo de iniciar a exploração comercial nos próximos anos.
Um recurso importante para o futuro energético
Os especialistas observam que esta descoberta pode significar mudanças estruturais na matriz energética global.
O Dr. Jacques Pironon, membro do grupo de investigação, afirmou que «o hidrogénio natural pode ser muito mais comum do que se pensava anteriormente». A sua disponibilidade imediata no subsolo permitiria obter uma fonte de energia limpa e competitiva em termos de custos, que poderia ser utilizada nos transportes, na indústria e na produção de eletricidade.
Se as estimativas de concentração em grandes profundidades forem confirmadas, o depósito em Folschewiller será um dos maiores do planeta.