Esta descoberta sem precedentes abre novas áreas de investigação para compreender a distribuição de um elemento vital.
A NASA, a agência japonesa JAXA e a ESA fizeram uma descoberta espacial impressionante que pode melhorar a nossa compreensão do Universo: encontraram uma forma de medir o teor de enxofre no espaço interestelar.
No âmbito da missão de espectroscopia e radiografia (XRISM), um grupo internacional de cientistas conseguiu detectar e medir o teor de enxofre entre as estrelas.
Esta descoberta representa um avanço sem precedentes na astronomia interestelar, pois é a primeira vez que este elemento é estudado no Universo tanto no estado sólido como no estado gasoso.
NASA, JAXA e ESA descobriram entre as estrelas o recurso mais valioso: como eles fizeram isso
Embora o enxofre seja necessário para a vida na Terra, as mudanças no seu estado dificultavam as medições científicas. Por esse motivo, a luz ultravioleta tornou-se uma grande ajuda.
Ao estudar os dados da missão, os especialistas notaram que em áreas densas do Universo, como nuvens moleculares, onde se formam estrelas e planetas, o enxofre em estado gasoso não é detectado. Presume-se que ele se condensa e se torna sólido.
Para avaliar detalhadamente a distribuição desse elemento, a equipa selecionou uma área do meio interestelar e utilizou uma técnica conhecida como espectroscopia de raios X, que permite identificar elementos no espaço pela forma como absorvem ou emitem radiação. É algo semelhante a uma «fotografia de raios X» espacial.
O sistema estelar duplo GX 340+0, localizado a milhares de anos-luz de distância, foi submetido a uma análise especial, que revelou que o enxofre está presente tanto no estado gasoso como no estado sólido, possivelmente misturado com ferro. O instrumento Resolve, instalado a bordo do XRISM, desempenhou um papel fundamental na obtenção deste resultado.
Isto coincide com uma hipótese científica de longa data: uma vez que o ferro e o enxofre são frequentemente encontrados em meteoritos, acredita-se que este elemento se solidifica e viaja pelo Universo.
«O Observatório de Raios X Chandra da NASA já havia estudado o enxofre anteriormente, mas as medições do XRISM são as mais detalhadas até hoje», disse Brian Williams, cientista da NASA e participante do projeto.
Por que essa descoberta é importante para a ciência
«O enxofre é importante para o funcionamento das células do nosso corpo aqui na Terra, mas ainda temos muitas perguntas sobre onde ele se encontra no Universo», explicou Lia Corrales, professora associada do Departamento de Astronomia da Universidade de Michigan e autora principal de um artigo sobre as descobertas do XRISM publicado na Publications of the Astronomical Society of Japan.
Assim, essa estratégia de medição abre novas perspetivas sobre como esse elemento se move pelo Universo e onde pode ser encontrado.
«O nosso laboratório criou modelos para vários elementos para compará-los com dados astronómicos recolhidos ao longo de muitos anos. O trabalho continua e, em breve, teremos novas medições de enxofre que poderão ser comparadas com os dados do XRISM e aprender ainda mais», disse a coautora do artigo e astrónoma Elisa Constantini.