A comida, como muitas outras coisas no planeta, tem uma natureza dual, que consiste no facto de que um mesmo objeto, e às vezes uma mesma lata de conserva, pode conter tanto coisas boas quanto ruins: comida saborosa e, ao mesmo tempo, um ambiente propício ao desenvolvimento de bactérias perigosas. É o que acontece com o botulismo: trata-se de uma intoxicação causada por uma neurotoxina bacteriana (botulínica) que pode envenenar as pessoas através do consumo de alimentos que se encontram em mau estado ou, como no caso dos enlatados, mal conservados.
Desde uma lata de grão-de-bico até uma lata de pimenta, os produtos enlatados devem ser tratados com mais do que apenas cuidado. É o que afirma o diretor do Centro Nacional de Botulismo do Instituto Nacional de Saúde de Portugal, que deu dicas importantes sobre como identificar alimentos contaminados e o que fazer para evitar essa situação.
Quais produtos são seguros?
O especialista garante que os produtos enlatados caseiros nem sempre estão sujeitos ao risco de contaminação por botulismo, mas alerta para a importância de «estar a par das medidas de segurança»: os alimentos com composição ácida (conservados em vinagre) são seguros, assim como os alimentos que contêm açúcar e sal, porque «absorvem» água, e também os vegetais em óleo; recomenda-se também a pasteurização ou a fervura de latas fechadas para destruir os microrganismos.
São, portanto, perigosos carne, peixe e vegetais enlatados, produtos que não podem ser pasteurizados, mas apenas esterilizados. Outra recomendação é não aceitar produtos enlatados como presente e, consequentemente, não os oferecer.
Como reconhecerEmbora, segundo ele, seja realmente difícil distinguir sempre quais produtos contêm botulismo e quais não, ele insiste que muitas vezes aparecem sinais muito evidentes de deterioração que não podem ser ignorados: deformação da embalagem metálica, bolhas nas tampas, vazamento do produto, presença de gás — esses são alguns dos mais frequentes.
E se houver dúvidas, deite fora o produto.