A descoberta numa reserva natural na Malásia reacendeu a esperança de preservação da espécie após mais de uma década sem notícias sobre ela. Recentemente, os investigadores registaram uma descoberta invulgar que chocou a comunidade científica: uma câmara de vigilância instalada na reserva florestal de Tangkulap filmou pela primeira vez em 11 anos uma lontra-eurasiática na Malásia. Esta descoberta confirma a presença destes animais selvagens, cuja existência nesta região era considerada praticamente extinta.
Descoberta histórica na área da proteção de animais selvagens
A gravação foi possível graças a câmaras de vigilância inicialmente instaladas para estudar uma espécie de felino em extinção, o gato-de-cabeça-chata.
Entre milhares de fotos, apenas uma capturou a lontra-eurasiática, uma espécie ameaçada de extinção no sudeste asiático.
A Panthera, uma organização internacional dedicada à proteção dos felinos, e a Malay Otter Network confirmaram a identidade do espécime.
De acordo com a Panthera, a reserva natural de Tangkulap é atualmente o único local do país onde coexistem quatro espécies de lontras nativas:
- Lontra-eurasiática (Lutra lutra).
- Lontra-de-pêlo-liso (Lutrogale perspicillata).
- Lontra-pequena-asiática (Aonyx cinereus).
- Lontra-de-pêlo-longo (Lutra sumatrana).
Importância ecológica e ameaças enfrentadas por estas espécies animais
As lontras são consideradas indicadores-chave da saúde dos rios e pântanos.
O seu reaparecimento é um sinal de que os ecossistemas de água doce ainda mantêm um certo equilíbrio.
No entanto, os especialistas alertam que elas continuam ameaçadas devido a:
- Poluição de rios e riachos.
- Fragmentação do seu habitat natural.
- Pesca excessiva, que reduz a disponibilidade de alimentos.
A Panthera salientou que, para preservar a espécie, são necessários planos nacionais, controlo das atividades humanas e redução dos conflitos entre pessoas e animais selvagens.
O papel da tecnologia neste tipo de descobertas
A utilização de câmaras fotográficas permite observar espécies raras sem perturbar o seu comportamento natural.
Esta técnica é fundamental em áreas remotas ou de difícil acesso, como os pântanos de água doce de Tangkulap.
Neste caso, apesar da perda de mais de 30 dispositivos devido às inundações, a equipa conseguiu registar o gato-de-cabeça-chata e, inesperadamente, a lontra-eurasiática.
Thye Lim, coordenador da Panthera Malaysia, salientou que esta descoberta «demonstra a diversidade de espécies que dependem destes ecossistemas» e reforça a necessidade de os preservar num contexto de ameaças crescentes.